A adesão de
Portugal à Comunidade Económica Europeia, em Janeiro de 1986, veio abrir as
portas do nosso país à livre transição de pessoas e bens, tendo tido como
principais consequências uma nova ordem económica e uma harmonização cultural
entre os países aderentes. Passámos a ser cidadãos de um espaço com outras
ambições e as nossas fronteiras abriram-se à modernização industrial, à
possibilidade de escoamento dos nossos produtos, mas também à admissão de
outros no nosso país. Graças aos Fundos comunitários, Portugal conheceu um
enorme desenvolvimento, nomeadamente ao nível de infraestruturas e rede viária
ao longo destes anos, através dos subsídios concedidos, ao abrigo de normativos
europeus que pretendiam o desenvolvimento harmonioso de todos os países
integrados.
Os tempos
são de algum pessimismo. A Europa está mergulhada numa crise económica e
financeira sem precedentes e muitos ousam afirmar que este império político
pode mesmo ruir. Os bancos atravessam, também, um mau momento e há que encontrar
novas saídas para evitar que o sonho de uma Europa Unida se transforme num
pesadelo político para todos.
De acordo com a ONU, a procura
de bens alimentares vai triplicar até ao ano de 2050. Este é o tempo de
voltarmos ao que é básico. É preciso, agora, que seja implementada uma
estratégia coerente e ambiciosa de crescimento da riqueza do setor agrícola.
Com
a crise económica e menos dinheiro em circulação, há um apelo urgente para o
regresso à terra. A globalização e a abertura franca dos mercados trouxe ao
consumidor produtos das mais diversas origens. A produção exorbitante leva à
utilização de métodos ligados à abundância e à superprodução que são
desaconselhados em termos de qualidade.
Os jovens de hoje dispõem de
uma vastíssima rede de “fast food” que, apesar das regras de
higiene e dos normativos impostos pelas regras comunitárias, não são, em termos
globais, bons para a saúde.
A
inevitabilidade do regresso à terra, a utilização de fertilizantes naturais e a
valorização da profissão de agricultor, são imperativos na sociedade em que
agora tentamos sobreviver ao consumo desenfreado.
Na minha
opinião (e para finalizar), considero que seria muito pertinente que se criasse
uma rede europeia de formação (na área da cultura biológica), produção e troca
de bens provenientes dos diferentes países da Comunidade Europeia, mas
distribuídos/vendidos em pesos equitativos. Para tal, estabelecer-se-iam,
ainda, a certificação de qualidade e as normas para colocação dos produtos nos
mercados regionais, nacionais e europeus.
Rúben Correia
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