[…] de hoje em diante: para o
melhor e para o pior, na riqueza e na pobreza, na doença e na saúde, para
amar-te e honrar-te, até que a morte nos separe […]
Com a União
Europeia, veio de braço dado o Euro, e com esses alegremente um jovem Portugal Democrático
casou.
A nossa
Europa tinha passado por duas grandes privações internas, duas guerras mundiais
que destroçaram a produção e fizeram potenciar enormemente os sacrifícios
pessoais dos povos.
Portugal ficou à parte, mas
sofrendo a sua quota-parte de atraso pela ligação comercial da Europa com o
Resto do Mundo e, sem esquecer também, teve uma longa e descontrolada guerra
além-Mar.
Da
necessidade de uma Europa destruída mas maravilhosamente atraente, veio a
necessidade de um casamento para impulsionar a mútua ajuda, entre
recém-casados. Estados estes, sempre com uma individualidade marcada de
nacionalismo, tinha tudo para dar asneira.
Comecemos
com o auto-de-contrição, a democracia trouxe o fim da guerra colonial,
prosperidade e, com o casamento com a União Europeia, o maravilhoso poço de moedas
do “Tio Patinhas”, fundo e pressuposta ideia de fonte inesgotável de
juventude… Mas, neste casamento, em que esta infantil democracia muito
apaixonadamente mergulhou de corpo e alma, esqueceu que o crescimento, através
da construção, implica não faltar recursos financeiros, que a política de
serviços só é boa se os outros estiverem dispostos a abdicarem dela. E com o
Euro, perdemos a nossa oportunidade de enganar a produção nacional e o consumo
interno, do que é Português é bom (…, bem eu quero mesmo dizer que), com a
agilidade cambial, o produto Português é o único suficientemente barato nessa
mesma inflação.
Contudo, a
União Europeia, mais matreira e andar daquela mulher madura mas terrivelmente
sexual no auge dos seus 40, fizeram o favor de dar à jovem e inculta
Portuguesidade, prendas de enamoramento no seu mais recente casamento, encheram
o bolso, não aplicou na nossa educação, numa produção de excelência, mas sim no
- easy way of life - de luxos, expos e auto-estradas, e, sempre que possível,
fazendo transparecer a bela União, em letreiros grandes.
Mas a
Europa não é nova, muito menos o core central, e decidiu então dar um pouco de
maturidade ao jovem Portugal, um Plano de Estabilidade e Crescimento, uma redução
da mesada e para ajudar os mercados financeiros gananciosos e com um agressivo
advertising, e notações de risco de gente adulta e responsável…
Fizemos
birra, gastámos tudo o que tínhamos e o que não tínhamos, o vizinho desconhecido
chamado de Mercado foi financiando a dependência de vacas gordas para a
construção, e afins. Até aquela mulher madura que se exibia com a elegante
Portugalidade Juvenil e muito à macho, que nem os garanhões lá do ginásio,
fartou-se da sua infantilidade.
Abandonado então Portugal,
está com o peso todo nas costas de dívidas, muitas delas de cartão de crédito
estampado de uma rosa sensual que, ora foi rosa, ora vermelha.
O peso,
esse, prejudica aquela coluna tenrinha, e cria giba. E olhando à distância uma
Europa que já não é tão atraente, muito mais rabugenta e com aquela mórbida egocentricidade
de sempre, embora outrora esquecida. Há, hoje, um olhar triste e resignado, de
um amor que pois, por mais que se negue, já há muito acabou e só sufoca um jovem
modo Português de ser…
Emanuel Vieira
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