segunda-feira, 4 de março de 2013

Credibilizar as Juventudes Partidárias




O país, e o mundo em geral, há muito que não se revêm nas figuras político-partidárias que são alvo de destaque nos mais diversos países. As juventudes partidárias não escapam aos rótulos colocados pelo povo a estes agentes políticos e até vêm alguns acrescentados, o mais conhecido o título de “boys”.
Escrever um texto, em jeito de reflexão, sobre este tema é algo que se revela difícil pela proliferação de “jotas” no nosso País, mas sobretudo porque dentro de cada uma destas instituições existem divisões, muitas vezes ideológicas, à semelhança dos partidos “seniores”, que em nada contribuem para mudar a opinião pública acerca deste tema. É normal existir um confronto de ideias e opiniões, no entanto, o que não é normal, é observar-se, por exemplo, jovens com mentalidade de esquerda numa juventude partidária de direita, ou ao contrário. Por vezes até vemos militantes com ideologias de extrema-direita ou extrema-esquerda numa juventude partidária, cujo partido sénior pertence ao arco de governação (PSD/CDS/PS). Esta é uma das críticas que se costumam fazer as jotas: a inexistência de uma identidade fixa que se baseie na ideologia do partido que defendem. Contudo, algumas destas instituições têm feito um esforço para propiciar uma forte e adequada formação política aos seus quadros dirigentes, como também aos militantes de base, numa clara tentativa de desmistificar o conceito de “jotinha”: um jovem que canta, grita, salta e empenha cartazes sem saber o que defende e/ou porque o defende. O capítulo da formação política é um dos mais importantes na vida de uma juventude partidária. Muitos dos quadros que integram estas estruturas futuramente participarão, com responsabilidades políticas, na construção do nosso País, das nossas regiões, municípios e freguesias. Ora aqui reside outro problema: muitos daqueles que transitam para os quadros dos mais diversos órgãos com responsabilidade política vão com um desconhecimento total do órgão onde vão desempenhar essas funções. Muitas vezes até são nomeações das “jotas” para integrarem as listas do partido. E estes são os chamados “boys”. Não há problema nenhum em colocar jovens quadros a desempenhar funções públicas, é preciso haver uma constante renovação nos quadros do nosso País, mas não podem ser jovens impreparados a desempenhar essas funções. E há jovens capazes nestas estruturas partidárias, o que é preciso é uma consciencialização da parte dos dirigentes das “jotas” que o que importa não é o último nome, nem o peso da carteira, mas sim a competência, o trabalho efetuado e a capacidade de pensar mais nos outros do que neles próprios quando desempenham funções. Mais um passo para credibilizar as Juventudes Partidárias.
Finalmente, quero aqui abordar uma questão que nos últimos tempos tem sido discutida: a falta de capacidade das “jotas” de se distanciarem de uma ou outra posição tomada por parte do partido perante o qual respondem, quando esta revela efeitos negativos para a juventude. É mais fácil para uma estrutura deste cariz servir de veículo de transmissão de ideias do partido junto da juventude, do que servir de apoio à população mais jovem, trazendo os seus problemas e necessidades aos partidos políticos. No entanto, essa não deve ser a função de uma juventude partidária. Acima de tudo, deve estar o interesse daqueles que é suposto representarem os jovens. Acima de tudo, devem manifestar que o rumo tomado, no que diz respeito a políticas de juventude, não é o mais correto. É difícil, sim é, mas haveria um maior respeito pelo trabalho das “jotas” se as coisas fossem desta maneira. Teríamos uma juventude mais capaz de pensar por si própria, de enfrentar os problemas que a afligem e de mostrar que é capaz de melhorar as perspetivas futuras deste país. 
O País precisa de juventudes partidárias que coloquem os interesses da juventude desta nação acima de qualquer outro. A juventude portuguesa precisa de “jotas” que resolvam os seus problemas, e isso só se consegue se houver uma clara noção do que deve ser pertencer a uma instituição deste tipo: servir a juventude.


Maurício Ornelas

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